Hoje em dia toda aventura pela natureza conta com o auxílio de um GPS, e o traçado de rotas nas vias tradicionais se faz automaticamente pelo software, desde que tenha acesso à sua localização atual (ou ponto de partida) e destino pretendido.
É impressionante pensar que essa ferramenta tão amplamente utilizada e de tanta importância na orientação humana só se tornou acessível para o consumidor nos anos 2000 — após algumas décadas de aperfeiçoamento dos satélites.
Antes disso, porém, não estávamos vagando a esmo. Pelo contrário, existe muita ciência e tecnologia da orientação anterior ao Sistema de Posicionamento Global. E uma das mais brilhantes descobertas desse campo foi, sem dúvida, a bússola.
Ainda hoje, um explorador prevenido não deixa seu instrumento em casa, confiando sua sobrevivência somente em um único instrumento — que, por vezes, estraga, perde sinal ou falha. Mas você sabe realmente como funciona a bússola? Para aprender tudo sobre essa ferramenta, fique atento ao artigo!
História da bússola
Tudo começou com ele: o céu. O posicionamento do sol foi, provavelmente, o primeiro referencial de tempo do ser humano, indicando o momento do dia de forma aproximada. Ao perceber-se o caminho da sombra dos objetos com a passagem do astro, criaram-se os primeiros relógios de sol, ainda na pré-história.
Por nascer sempre no leste e se pôr no oeste, trouxe aos antigos um referencial de localização que ia além das marcas geográficas de que estavam próximos — como montanhas e rios.
À noite, os padrões das estrelas e sua localização no céu também foram mapeados, dando a diferentes civilizações a noção de tempo e uma localização geográfica ainda mais precisa, pela quantidade de referenciais disponíveis.
A tecnologia de orientação celeste foi se tornando mais precisa, com o invento de instrumentos como astrolábio (que media a altura dos astros em relação ao horizonte), quadrante (que determinava a posição de acordo com a estrela polar) e balestilha (usada para acompanhar o movimento do sol).
Surgimento
Não se sabe com precisão a data de descoberta, mas já existem registros de um instrumento com o princípio da bússola no séc XI, na China. No séc XIII, ele já havia se espalhado por todo o velho mundo, um componente sem o qual a história das navegações poderia não ter sido a mesma. Era utilizada associada aos instrumentos astronômicos e sempre unida ao seu companheiro inseparável — o mapa.
Nesse período, foram feitas adaptações, como: a encapsulação e estabilização vertical da agulha, o traçado de pontos cardeais e os cálculos adicionais para o norte geográfico.
Quando as embarcações se tornaram mais metálicas, muitas delas se perdiam pela influência do ferro na orientação da bússola, e a tecnologia precisou evoluir mais uma vez. Hoje, as mais modernas são as giroscópicas, utilizadas na maioria dos aviões e navios.
Funcionamento
A bússola nada mais é que um corpo metálico longilíneo imantado e colocado em ambiente onde pode se locomover com pouco atrito no sentido horizontal ou — grosso modo — uma agulha esfregada por um ímã que aponta para o norte, se nada impedir.
O polo norte magnético (usando a convenção orientacional, e não física) está próximo ao norte geográfico, mas não corresponde exatamente a ele e, por isso, é preciso calcular a declinação magnética para encontrar o norte com precisão. Os mapas, via de regra, indicam qual a variação anual entre os nortes que o viajante deve compensar.
Fatores como alta-tensão, proximidade de outras bússolas ou ímãs podem confundir a orientação da agulha. Em Minas Gerais, por exemplo, é sempre bom ficar atento às cangas ferruginosas do quadrilátero ferrífero.
Além de ser um orientador para viagens, esse aparelho é muito ligado aos esportes, permitindo que o atleta tenha algum tipo de orientação durante o percurso. Por isso, figura como peça fundamental em competições e treinos.
Um bom exemplo é a corrida de orientação. Esse esporte necessita não apenas de uma bússola, mas também de um mapa e de uma área grande e desconhecida. Assim, o participante passa por pontos de controle que são demarcados ao longo do caminho.
A característica principal é o atleta escolher, por meio do mapa, a melhor rota, sendo guiado pela bússola. Para isso, é necessário que a pessoa tenha habilidades de orientação, mantendo-se sempre concentrada.
Dicas para o uso correto
Para você receber a orientação certa de uma bússola, é preciso saber identificar seus pontos e compreender como ela funciona. Dessa forma, é importante estar por dentro dos itens abaixo. Confira.
Entender pontos colaterais e subcolaterais
Os pontos colaterais e subcolaterias são preenchimentos que os cardeais não mostram. Com isso, o aparelho fica completo. Para compreender os colaterais, é necessário identificar lugares que ficam entre os pontos cardeais.
Por exemplo: os espaços que ficam entre o sul e leste, o norte e nordeste e sul e oeste. Além desses pontos mencionados, há também os subcolaterais, que nada mais são que um tipo de guia mais específico, cobrindo áreas que não têm localização exata. Assim, eles ficam entre o cardial e o colateral.
Calcular a declinação magnética para encontrar o norte
De nada adianta ter um equipamento para orientar um caminho sem conseguir encontrar o norte. Por isso, é fundamental aprender a fazer o cálculo de declinação magnética.
A cada ano, o ponto de declinação varia no tempo e no espaço, tendo diferente valores. Essa mudança faz com que o Norte seja encontrado a partir de uma equação parecida com a equação da função horária.
Sendo assim, a fórmula é: d = d0 + v.Δt, onde ”d” é a declinação magnética, ”d0” a declinação no tempo zero, ”v” a variação anual e ”Δt” o tempo a partir da data-zero.
Evitar a proximidade com outros aparelhos magnéticos
Por ser um equipamento magnético, quando uma bússola se aproxima de outra ou de qualquer imã, pode haver interferência, fazendo com que ela não funcione corretamente. Assim, sua eficiência fica em risco, podendo apresentar falhas de orientação.
Usar na posição horizontal
Essa posição é a indicada para o uso correto do aparelho, pois ele alinha a seta indicadora à parte destacada pela agulha.
Por meio disso, é possível coletar as informações necessárias do ângulo obtido da relação entre o meridiano do local onde a pessoa está e do plano vertical do ponto observado. Somente depois se torna viável percorrer o caminho escolhido até o lugar desejado.
Coletar informações azimute
É importante coletar o azimute, que é uma medida de direção horizontal, definida em graus, correspondendo sempre ao Norte. Suas medidas podem ser alteradas, indo de 0° a 360°, sendo feitas em quadrantes, no sentido horário.
O resultado apresenta o local exato do Norte, permitindo que a bússola funcione adequadamente.
Criação de uma bússola
Seja para fins didáticos ou por pura necessidade, uma bússola é muito fácil de se fazer. Esfregue um ímã em uma agulha, sempre no mesmo sentido, e afixe-a a um pedaço circular de rolha, com fita adesiva ou semelhante. Coloque-a em um recipiente com água parada e observe para onde ela aponta. Pronto!
Obviamente, é preciso saber mais do que onde está o Norte para se aventurar na natureza, mas já se trata de um bom começo, verdade? Agora que você já sabe como funciona a bússola, basta adquirir seu aparelho e aproveitá-lo!
Já teve alguma experiência marcante na qual a bússola foi parte importante do acontecimento? Conte-nos tudo: é só escrever nos comentários!