Uma aventura em Machu Picchu, Salar de Uyuni, Cataratas

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Sair por aí com as mochilas nas costas em uma aventura espetacular, de caminhadas, cansaço, muito esforço, mas por isso mesmo espetacular é possível. Laíza Manfroi e Augusto Kern fizeram isso e compartilharam conosco a sua jornada. O slogan da Treme Terra: Movimente Seu Mundo foi com eles impresso na camisa e no coração. Leia a seguir o relato:

“Arrumar as malas pode ser divertido, mas também foi o primeiro de muitos desafios que estavam por vir. Cinco dias de caminhada nas montanhas exige um pouco de atenção para que ocorra tudo bem. A trilha Salkantay até Machu Picchu era o que comandava nosso planejamento, mas tínhamos um mês pra viajar, e os demais destinos seriam decididos no caminho. Que aventura! Assim que começamos buscar os equipamentos que faltavam já deu pra sentir um gostinho mais forte do que iriamos enfrentar. Nesse momento contamos com o apoio da Treme Terra, uma galera fera em seguimento esportivo e com produtos de qualidade. Quando encontramos nossas botas que conseguiam ser resistentes, impermeáveis e confortáveis ao mesmo tempo, estávamos prontos para nosso trekking. Ufa! Afinal, uma bota e um chinelo era o que levaríamos para os pés. Mochilas prontas, minimalismo, frio na barriga e calor no coração.

Nosso vôo era de Assunção à Cusco, conseguimos uma passagem muito em conta saindo do Paraguai. Então, fomos até lá de ônibus, dormimos uma noite e na manhã seguinte pegamos o vôo.

É difícil sintetizar a estadia em Cusco, pois vivemos muitos momentos marcantes por lá… Desde o primeiro dia nos encantamos pela cidade cheia de praças, ruínas, igrejas, pelo povo, pelos artesanatos, sem esquecer a casa da Maria, onde ficamos hospedados. Essa casa tinha 400 anos, e suas paredes continham algumas pedras Incas em sua estrutura. Quando chegamos, a Maria nos serviu mate de coca enquanto nos contava um pouco da história e de tudo que era legal de conhecer pela região. Ela morava ali mesmo e alugava os quartos, tínhamos um quartinho privado e podíamos usar a cozinha e nos servir com mate de coca ou chá, a vontade. Sentimos muito carinho por ela. E ali, dormindo entre paredes que carregavam anos de história, começamos emergir na cultura da região. Não nos afobamos para encontrar os passeios nas agências, caminhamos bastante pela cidade para conhecer e aproveitávamos para fazer algumas pesquisas. Fizemos o nosso próprio “City Tour”, que não se limitou aos pontos turísticos, gostávamos de caminhar por aonde os nativos iam, comer onde eles comiam e conversar com as crianças na praça. Ah! E nessa de conversar com as crianças, observamos que lá todas elas trabalham, vendendo os artesanatos das famílias na praça. Certa vez, uma menina chamada Pamela, muito inteligente e simpática, nos deu uma lição de vida daquelas. Ela não entendia porque trabalhávamos para outras pessoas, no caso nossos chefes, nas palavras dela: -“Nós temos que trabalhar para nós mesmos”. Ela nos deixou bastantes pensativos naquela noite e, também, encantados pelas crianças peruanas.

 

 

Havia alguns passeios com agências que valiam a pena para nós. Fomos ao Vale Sagrado dos Incas, imperdível para quem quer mergulhar na história deles.  O Vale tinha um significado incrível para eles, e tivemos sorte de ter um guia que nos ensinou muito.  Também, caminhando pelas ruas de Cusco, descobrimos uma comunidade que oferecia cavalos para conhecer algumas outras ruínas, nosso guia foi o Fran, um menino de 12 anos muito querido, que vivia na comunidade.

Em Cusco havia muita oferta de restaurantes, e não eram caros, conseguimos provar algumas comidas e bebidas típicas. Mas não deixamos de fazer umas compras no mercado para nossos cafés da manhã, e alguns dias de almoço também. E assim foram nossos dias, sempre intensos, mas sem pressa, curtimos cada momento.

Passados três dias em Cusco, quando nos sentimos confortáveis com a altitude partimos para Machu Picchu, que estava a cinco dias de caminhada da gente. Escolhemos o trekking Salkantay, um caminho alternativo e menos explorado, porém, considerado, pela revista National Geographic, uma das 25 melhores trilhas do mundo. Nos preparamos com equipamentos para que as dificuldades fossem reduzidas, como botas confortáveis, bastão de trekking, jaquetas impermeáveis, barraca, fogareiro, alimentação prática. Não contratamos guias para essa aventura, fomos sozinhos, e então precisávamos levar tudo que era necessário nas costas. Mesmo com falta de ar nas subidas, frio, o peso das mochilas, e algumas surpresas, como desmoronamentos na trilha, cachoeiras cortando a estrada e, até, um quase ataque de Puma, não pensamos em desistir, em nenhum desses momentos achamos que não conseguiríamos. Superamos todas as dificuldades e, também, nossos limites. Conseguimos perceber que somos muito mais capazes do que pensamos, principalmente quando o corpo já estava exausto e tínhamos que buscar forças e resistência em nossa mente. Dispensar coisas fúteis e levar somente o essencial é o primeiro passo, e como isso nos ensina, nos ensina a valorizar certas facilidades do dia a dia, nos ensina na prática que menos é mais e que a vida é muito mais que itens materiais. Sabendo que cada passo a mais é um passo a menos, íamos sempre em frente, unidos, um apoiando o outro, às vezes nas mais longas conversas, às vezes em silêncio. As paisagens pelo caminho são inacreditáveis, a Laguna Humantay, as montanhas nevadas, a vegetação densa no vale… A natureza ao redor nos fortalecia e os amigos que fizemos pelo caminho nos alegravam.

Quando chegamos à Machu Piccchu foi emocionante, a energia daquele lugar é incrível. Caminhar vários dias, em diferentes relevos, climas e altitude, dar o máximo de nós para chegar lá deixou essa experiência muito mais especial.

 Laguna Humantay

 Lindas paisagens já no início da caminhada.

Depois de Machu Picchu, retornamos a Cusco por mais 3 dias. Aproveitamos para descansar, lavar roupas, até nos demos o privilégio de uma hora de massagem para cada, foi restaurador. Também fomos conhecer a Montanha Vinicunca, conhecida como montanha colorida. Nem Salkantay judiou tanto quanto essa subida. Subimos a 5200 msnm, e com frio intenso, exigiu muito de nós mas, ainda assim, valeu muito a pena. Percebemos que perder o fôlego também é se sentir vivo! Enfim, comemos novamente o que mais gostamos, tomamos um chá com a Maria e, assim, nos despedimos de Cusco. Pegamos um ônibus à noite rumo a Copacabana, na Bolívia.

Agora estávamos em um barco, no mais alto lago navegável do mundo, a caminho da Isla del Sol. O Lago Titicaca é imenso e realmente mágico. Subimos no mirante da ilha para ver o pôr do sol e fotografar estrelas, e nos aventuramos para voltar em uma trilha noturna. Estávamos tão intensos que não pensávamos no depois, somente em absorver ao máximo o que cada lugar nos passava. Ao horizonte um lago que parecia infinito, e acima de nós, um infinito de estrelas. Logo de manhã resolvemos partir, nosso próximo destino era La Paz, e agora estávamos traçando nosso caminho de volta pra casa. A possibilidade que mais nos deixou entusiasmados foi descer para o Salar de Uyuni, ainda tínhamos dinheiro para esse passeio, então não pensamos duas vezes.

As fotos do salar e das lagunas formadas no deserto são aquele tipo de coisa que parece mentira, como se fosse uma pintura. O grupo com quem compartilhamos o passeio permitiu que esse fosse ainda mais feliz. Depois de um deserto de sal, lagunas verde, colorada, negra, flamingos, lhamas, deserto, gêiseres e um banho de água termal a meia noite sob um céu estrelado, o que mais poderíamos esperar?! Que tal um Fernet com coca-cola na praça? Foi o que fizemos pra fechar com chave de ouro e nos despedir dos nossos novos amigos, o que não foi fácil. Parecia que em poucas horas já tínhamos uma sintonia de tempos. Eles ficaram em nossos pensamentos, assim como as belas paisagens do Uyuni.

Salar de Uyuni, Bolívia.

 Gêiseres. Fomos à tarde, estava lindo e fazia muito frio.

Viajamos para Salta, e de lá pegamos um ônibus que, depois de 24 horas, nos deixou em Foz do Iguaçu. Brasil. Estamos de volta! Não podíamos perder a oportunidade de conhecer as Cataratas do Iguaçu, que inclusive é umas das sete maravilhas da natureza. Ficamos impressionados com a força da natureza, mais uma vez, e orgulhosos das belezas naturais do nosso país.

 Cataratas do Iguaçu – Foz do Iguaçu, Brasil.

Infelizmente já estávamos terminando nossa viagem. Por mais que já estivéssemos com um pouco de saudade de casa, a vontade de continuar na estrada era maior. Mas, sem dúvidas, estávamos muito gratos e felizes, pois essa viagem superou nossas expectativas e nos proporcionou momentos inesquecíveis. Foram 26 dias de viagem, em torno de 19 cidades pelas quais passamos. Para nós foi a melhor escolha não ir com tudo planejado, pois isso nos deu liberdade para agarrar as melhores oportunidades, aquelas que faziam nosso coração vibrar. Poder ficar um dia a mais ou a menos em uma cidade, conforme nosso desejo. Claro que como tínhamos previsto fazer um trekking de cinco dias, tivemos que ir preparados com os equipamentos necessários. É muito legal se permitir viver aventuras, sair da rotina, ter surpresas inesperadas. Você pode se surpreender com você mesmo. Depois de tudo que conhecemos, das aventuras que passamos, dos limites que superamos, não voltamos os mesmos para casa.

Se você tem um espírito aventureiro como a gente, não deixe de colocar esses destinos em sua lista, e crie sua própria oportunidade para ir. Como dizem, às vezes só precisamos de 20 segundos de loucura para comprar uma passagem, e não é mesmo?! Você não precisa ter muito dinheiro pra ir, e depois vai saber que uma experiência dessas, na real, não tem preço!”

 

 

 

http://blog.tremeterra.com.br/2018/05/28/1711/
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